19 de agosto de 2011

Achtung Líbia!

 

A agência de notícias Reuters está anunciando que a ONU pede a todos os cidadãos estrangeiros que deixem a cidade de Trípoli, na Líbia. A nota – como todas as informações desta agência – é ambígua e contraditória. Ao mesmo tempo em que diz que as forças rebeldes apoiadas pelo Ocidente estão de aproximando da capital, a agência dá conta de que estão sofrendo pesadas baixas impostas pelo exército de Khadafi.

Como a Reuters é sabidamente o principal braço de divulgação de notícias do Pentágono, este pode ser considerado o indício de que a exemplo do que fez na Iugoslávia, Iraque e Afeganistão o exército da OTAN, a maior aliança bélica já criada na história do homem, se prepara para bombardear a população civil da Líbia que se mantém fiel a Khadafi visando quebrar a sua resistência e produzir um clima de terror que favoreça os seus propósitos de saquear o País;

Desde que os Estados Unidos iniciaram a sua política de poder baseada em guerras contínuas apoiadas por bombardeios aéreos, as populações civis vêm se tornando as maiores vítimas. Segundo analistas, enquanto na 1ª Guerra Mundial a população civil sofreu perdas no total de aproximadamente 10% do seu contingente, hoje os danos que atingem a população dos países bombardeados não engajada em combate chegam a até 60% .

A estratégia americana e seus aliados na Europa parece clara e objetiva uma forma de dominação a qualquer preço, destruindo toda a infraestrutura do país para depois possibilitar a chegada dos novos tecnocratas com soluções fantasiosas e geralmente de alto custo para o país que acabou de ser destruído. Este procedimento já foi apontado e analisado pela escritora canadense Naomi Klein em seu livro A Doutrina de Choque: o Avanço do Capitalismo de Desastre.

Agora é o povo líbio que após ser submetido a mais de 150 dias de contínuos bombardeios, que não conseguiram quebrar a sua resistência , se vê no momento face à ameaça de uma destruição ainda maior. Observadores como Thierry Meyssan, do Réseau Voltaire, consideram que o massacre perpetrado pela OTAN sobre a população da pequena cidade de Majir, próxima a Trípoli, que matou 85 pessos, entre elas mais de 30 mulheres e 35 crianças, teve por objetivo abrir caminho para as forças rebeldes apoiadas pela Aliança que, depois da morte de seu chefe, o general Abdel Fatah Younes, assassinado pelos seus próprios companheiros, parecem ter perdido a unidade.

Qualquer que seja o desdobramento desta guerra colonial, é certo que o capitalismo selvagem ao se ver envolvido de forma dramática em sua própria natureza autodestruidora e genocida descarrega toda sua fúria contra um pequeno povo do Terceiro Mundo, no norte da África, que há séculos vêm lutando contra seus parasitas e sanguessugas. No passado recente foram os italianos, agora surgem os novos centuriões franceses, ingleses e americanos do norte, comandados por um afro-americano.

 

Sérvulo Siqueira