15 de outubro de 2010
Há 50 anos, uma eleição presidencial galvanizava a atenção dos
norte-americanos. De um lado, o vice-presidente Richard Milhous Nixon,
candidato do conservador Partido Republicano e de outro, John Fitzgerald
Kennedy, um jovem senador do estado de Massachusetts, representando o
Partido Democrata.
Para muitos analistas, a vitória de Kennedy sobre Nixon, por uma margem
de pouco mais de 112 mil votos, estabeleceu pela primeira vez a
importância da televisão na campanha presidencial dos Estados Unidos.
Diversos jornalistas e historiadores acreditam que, em pequena
desvantagem nas pesquisas e obrigado a enfrentar a poderosa máquina
situacionista republicana, Jack Kennedy teria conseguido a vitória pelo
seu desempenho nos debates no rádio e na televisão.
Enquanto seu adversário, o então vice-presidente Richard Nixon, um
notório anticomunista que havia participado do Comitê de Atividades
Antiamericanas do senador Joseph McCarthy, onde esteve envolvido numa
duvidosa produção de provas contra Alger Hiss, um alto funcionário do
governo norte-americano acusado de espionagem pró-soviética, carregava
nas acusações pessoais contra seu adversário, John Kennedy propunha
mudanças na política do Estado e novas estratégias para um maior
crescimento econômico.
Os debates pela televisão viriam a definir a disputa. A firmeza das
convicções do jovem senador e o seu maior conhecimento dos atributos
necessários para o exercício do cargo o levaram à vitória, tanto no
número de votos quanto no Colégio Eleitoral. Como sabemos, Jack Kennedy
– depois de tentar desarmar a bomba-relógio do complexo
industrial-militar – foi assassinado em Dallas, em novembro de 1963. Os
tempos mudaram e os Estados Unidos já não podem mais ser considerados
uma referência exemplar mas a lembrança pode ser útil nos dias de hoje.
Na atual campanha presidencial brasileira, Dilma Rousseff está diante da
maior manipulação da opinião pública da nossa história. A unanimidade
dos meios de comunicação, transformados em uma única e monolítica
entidade dedicada à sonegação e à mentira da informação, à chantagem e
aos mais diferentes tipos de golpe, escolheu o seu adversário como
favorito.
Resta a Dilma além do exíguo tempo do horário eleitoral e um espaço da
banda larga da Internet – hoje já infestada por ameaças de censura e
toda a sorte de pressões – a perspectiva de impor, nos próximos debates
televisivos que ainda hão de vir, a superioridade dos seus princípios
morais, a dedicação ao bem comum e a sinceridade dos seus propósitos
sobre o caráter claramente iníquo e traiçoeiro de seu oponente.
Os próximos dias serão decisivos – não somente para a candidata do
governo – mas também para a história do nosso País.
Sérvulo Siqueira
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