4 de novembro de
2010
Chico Buarque disse que, com Lula, o Brasil agora “fala de igual para
igual com todos. Nem fino com Washington nem grosso com a Bolívia e o
Paraguai”.
A frase é boa e produziu muito efeito mas não é necessariamente
verdadeira. O Brasil falou grosso quando votou desfavoravelmente às
sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas contra o
Irã, mas falou bem fino quando aceitou comandar uma “força de paz”
imposta pelos Estados Unidos no Haiti.
Desde a sua instalação em 2004, a
Mission des Nations Unies pour la Stabilisation en Haïti (MINUSTAH)
já provocou a morte de milhares de habitantes na região e a cada dia são
relatados novos casos de flagrantes violações de direitos humanos.
Recentemente, a MINUSTAH foi acusada de ter causado a incidência de
cólera neste que é o mais pobre país da América e o terceiro com maior
proporção de população faminta no mundo, depois da Somália e do
Afeganistão.
De forma sinistra, esses três países são ocupados no momento pelos
Estados Unidos, a mais rica e poderosa nação do planeta.
Os meios tradicionais de comunicação brasileiros não costumam tratar com
frequência deste assunto, talvez porque não estejam interessados no
Haiti ou, por serem racistas, concordarem com a ocupação militar.
Sérvulo Siqueira |