31 de outubro de
2010
E agora José
Alagão Nosferatu Serrarojas Serrágio "O Estripador" Serra Abaixo*
E agora, José?
A festa acabou,
a urna fechou,
o voto sumiu, a noite esfriou,
e agora, José?
E agora, você?
Você que tem nomes,
que zomba dos outros, você que não faz versos,
que não ama e protesta?
E agora, você?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carisma,
já não pode enganar,
já não pode xingar,
mentir já não pode,
a noite esfriou,
a vitória não veio,
o povo não veio,
o riso não veio,
não veio a Petrobrax,
o Paulo Preto fugiu,
o mandato acabou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua torpe palavra,
seu delírio de poder,
seu escárnio e deboche,
sua cara de pau,
sua lábia de fel,
suas orelhas de abano,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?
Sem a chave na mão
quer arrombar a porta,
não existe porta;
quer o pré-sal
mas o pré-sal é nosso;
quer ir para Minas,
Minas é da Dilma.
José, e agora?
Se você difamasse,
se você fingisse,
se você tocasse
um jingle barato,
se você melhorasse,
se você se arrependesse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro,
sem as obras da DERSA,
sem o buraco do metrô
pra sumir lá embaixo,
e nem ao menos a Globo
para editar o debate,
você sai de fininho, José,
José Serra, para onde?
* Com a licença poética de Carlos Drummond de Andrade, mineiro como
Dilma.
Sérvulo Siqueira |